Preservem os cisnes
Esse escrúpulo de pisar na verdade
Tem ferido bastante aos meus pés;
Forjado desafetos, e até inimizade,
Gente ainda na mais tenra idade,
Não se furta de dizer: Hipócrita és!
A porra da mentira se oferece macia
Enche o regador para flores de plástico;
Escolhe a belas vestes, o rosto maquia
Promete me fazer portador de alegria,
“você vai ver”, como aquele do Fantástico.
Fácil constatar que a patranha se consome,
Por quase toda a minha doentia geração;
ouvidos se transformam qual lobisomem,
para a mentira amplos como um trombone,
à verdade, adstritos qual um bico de fogão...
os piores sobrevivem nessa evolução avessa,
onde se perde como o patinho feio o de ideal;
ah, o extermínio dos cisnes é seu papo cabeça,
até que o último da espécie, enfim, desapareça,
sob o manto darwiniano da seleção natural...