Defeitos especiais
Eis a múltipla raça humana em várias telas
Lapsos comuns ancorando diversos portos;
Exibindo aparentes almas, hígidas, belas,
Disfarçadas com efeitos especiais dos corpos.
um mosaico de incontáveis e vívidas cores,
Perderia muito quem da visão padecesse;
Meia dúzia firme, radicada em bons valores,
Um milhão de títeres do mesquinho interesse.
Esse não consegue uma volta, sequer, impoluto,
Já fui sua vítima, portanto, sei bem o que digo;
Filho dileto dos que avessos ao Santo, Absoluto,
Insanos absolutizam aos seus próprios umbigos.
Claro que alguns sentem a dor dessa velha íngua,
Pois, muito já manquejaram acossados por ela;
E sempre que interesse mentiroso bate a língua,
Indignação logo acusa repulsa, batendo panela.
Indignação tardia, de visão, que, enfim se aclara,
A fossa que estamos não poderia ser mais funda;
Cada vez que a nossa Banânia mostra a sua cara,
Não sei por que, contudo, me parece uma bunda.
Assim, os que dos favores do embuste se acodem,
Descobrem, enfim, que sua ajuda é mui pequena;
Nas tramas da arte, efeitos especiais muito podem,
Mas, a vida, é bem mais complexa que o cinema...