EITA FERRO VELHO!

Vendo, diariamente, o noticiário dos jornais, não suportando mais tanta dor, tanto descaso com a vida própria e de outrem, com tantos motoristas despreparados, tantos “loucos ao volante” e tantas vidas ceifadas em razão da irresponsabilidade de motoristas, resolvi escrever o poema abaixo denominado “Eita Ferro Velho!”, que retrata o que sinto.

Ao ver tanto ferro enferrujado,

Tanta lata amassada,

Causa-me arrepios,

Causa-me dor...

O pensamento vai ao passado,

Lembro-me de vidas retiradas,

Jogadas ao frio,

Destino do horror.

Vítimas da imprudência dominante,

De inaptos atrás de um volante,

Vorazes, assassinos das estradas...

Que acham o volante apaixonante,

Que ao dirigir, em um instante,

Dão cabo de vidas, tão amadas.

Junto às ferragens, no monturo,

Sangue torna-se ferro duro,

E é vendido a preço tão pequeno...

Vidas, que da luz foram pro escuro,

Que por negligência, vacilo ou furo,

Vão-se, caem sobre o terreno.

Dia após dia, o monte aumenta,

De lata, azul, verde ou cinzenta,

São tantas, doí em mim...

Até quando o coração aguenta?

Chega-se aos trinta ou oitenta?

Ou hoje pode ser o fim?...