A MANADA
Você também se move simultaneamente.
E a sua mente, mente, companheiro.
Primeiro, vê só o que lhe convém
E vem, sem perceber, na mesma direção.
Vão é o seu lutar, seu relutar
Ao pensar estar desperto, acordado.
Pois, qual gado, faz parte do rebanho, amigo.
E eu digo: também já foi domesticado!
E caminha, pacífica, a manada.
De olhos vendados, ouvidos tapados,
boca fechada... em direção ao nada.
E ferida, marcada, ferrada...
De cabeça baixa, a manda caminha
Pela mesma estrada. E a mãe, nada!
Eles conquistaram a sua confiança
E, ao entrar na dança, você dançou!
Imaginou ter alguma importância.
Desde a sua infância, acreditou.
Nada abalou o seu conformismo.
Nem o seu consumismo desenfreado...
Hoje, qual gado, faz parte do rebanho, amigo.
E eu digo: também já está domesticado!
E caminha, pacífica, a manada.
De olhos vendados, ouvidos tapados,
boca fechada...
A sua rebeldia de nada adianta
Em face a tanta e tamanha covardia.
Mas haverá o dia em você será desperto.
E, por certo, também o revolucionário
Que habita no âmago, no seu interior.
Então não haverá mais boiada e nem gado.
Um estouro tenebroso qual raio e trovão,
Será a redenção de um povo que vive encurralado.
Marcos Aurélio Mendes