QUADRÃO DA BRASILEIRA

Nem perfume, nem beleza

De nossa falsa nobreza

Nem o brilho de alteza

Dessa civilização

Pesadelo de nação

Que extinguiu a brasileira

Exponho na régua inteira

Nos oito pés de quadrão.

Nem amélia, nem guerreira,

Essa mulher brasileira

Não saiu dessa besteira

Da costela de Adão.

Não passou pano de chão

Na sala de nossa história

Mas perdeu sua memória

Nos oito pés de quadrão.

Não é coluna da casa

Sua dor não extravasa

Não é anjinho com asa

Nem divina criação.

Essa mulher do sertão

Seguiu rumo diferente

Foi morrer no sol poente

Nos oito pés de quadrão.

Estuprada, esquartejada,

Com a cultura massacrada,

Diluída, desprezada,

Como etnia do cão

Sem saúde e educação

Segue na trilha da morte

Sem ação que lhe conforte

Nos oito pés de quadrão.

Cunhã-porã é teu nome

Resistência é cognome

Nessa dor que te consome

Vivendo na escravidão

Esse emblema da nação

Sem espaço feminista

Em cultura comodista

Nos oito pés de quadrão.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 08/03/2015
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