Zé do regime.
Lá vai o Zé,
Desbravando a madrugada,
Rompendo o silêncio com seus passos apressados.
Cumprindo o rumo da rotineira caminhada.
Na mesma hora de sempre,
Nas mesmas vestes quase em trapos.
Na surrada mochila, a marmita em sacolejos no velho trem das quatro.
Lá vai o Zé,
Batalhar pela sobrevivência,
No olhar um brilho pálido de esperança na busca pela subsistência.
Na longa tragetoria,
O cochilo é o companheiro
Desse humilde personagem.
Levando consigo o cansaço
E as mesmas modestas armas:
A garra, o corpo, a coragem.
Iguais a ele, existem dezenas,centenas, milhões.
Fazendo o progresso, produzindo riquezas nos campos, fábricas e construções.
Traz no peito a mágoa da certeza,
Por hoje e sempre ser socialmente injustiçado, em número transformado, num jogo sujo capitalista de interesse.
É vulgarmente chamado como se nada valesse,
Ironicamente de Zé de nada, Zé da Silva, Zé ninguém.