Pepino em conserva
Filosofia barata de um e noventa e nove,
Que prostituta! Quem quiser come um gomo;
Que importa se são nuvens donde não chove,
Quem iria fazer a precisa prova dos noves,
espalhada em confetes, é só pegar um tomo...
não conhece a beleza de imitar a um sábio,
tampouco é afeita à profundidade da reflexão;
desfila superficial qual batom sobre o lábio,
garimpa folhas amarelas de algum alfarrábio,
e espalha como se sua, a alheia e dura lição...
ignora as inóspitas moradias da experiência,
afinal só conhece as gôndolas do mercado;
onde compra coisas de nobre procedência,
que custaram sangue, espera, dor, paciência,
e consome barata como fosse pepino enlatado...
não fica bem diamante misturado à lavagem,
como se, a preciosidade fosse uma coisa mera;
é de carne e osso, alma, que formamos a imagem,
o dia a dia, enfim, é a nossa única postagem,
onde uns poucos curtem o que somos, deveras...