O PESO DA SOLIDÃO

O PESO DA SOLIDÃO

Eu vi um velho sozinho

Que triste é ser velho e sozinho

E vi um jovem também sozinho

Com um cão tão sozinhos

Fitando um smart fone à sós

Que droga é ser tão sozinho

Assim como eu

Como nós

Um palhaço um ator um empresário

Um operário um presidente um poeta

Todos carregando o peso de uma solidão

No circo no teatro na empresa

Na construção no país no poema

E eu que fui descobrir logo cedo

O significado disso tudo

Dessas palavras tão solitárias

Que vindo ao meu encontro

Nos deixam sem escolhas

Preferível não ter descoberto

O manto da ignorância

E hoje não sentiria nenhum dó

Daquele velho

Daquele jovem

Daquele cão

Fitando um smarth tão só

Nem de todos os personagens imagináveis

Dentro de uma solidão que não é só minha

Não teria esse sentimento tão raso e profundo

Que alguns tem pelo semelhante e por si mesmos

Mesmo no meio de uma multidão

No grupo de um bate papo virtual

Que tal qual o mais real dos papos

Nos passa a sensação de uma ilusória segurança

E de que estamos sempre bem acompanhados

Depois que nos deitamos

Estamos na cama novamente a sós

Olhando o teto e as janelas trancadas

Os riscos nas paredes carcomidas

Criam olhos e bocas

Fazendo-nos companhia

No escuro somos como o breu

Rolamos e o sono não vem

Onde estão nossos amigos ?

Onde estão nossos parentes ?

Onde nós estamos ?

Começamos então a dar a devida atenção

À importância da solidão

Nos importamos enfim

Com aquele alguém tão equidistante

Porque ela bate á porta e não queremos atender

Como a dizer: vai procurar outra pessoa

Comigo não meu bem

Mas ela insiste e te pega de jeito

Na curva da primeira esquina

Inesperadamente

A indesejada e inconveniente solidão

Você pode deixa-la entrar

E aprender

A aceita-la e respeita-la

Porque ela vai se acomodar

Mesmo que você não queira

Ou tentar esquece-la lá fora do seu peito

Hoje, justamente agora parei para refletir um pouco

A respeito dessa coisa

Então cheguei a conclusão que talvez se deva ao apego

E desapego

Se você se apega demais a algo ou a alguma coisa você se entrega

E depois sem estar preparado para as perdas que inevitavelmente ocorrem

Você se perde no espaço e no tempo

Fica sem pai nem mãe

Sem rumos e entra em depressão sem encontrar uma saída

Achando que é o pior e mais solitário dos mortais

Esquece do cachorro, dos vegetais e até dos minerais

Como se só a gente habitasse o orbe e possuíssemos a primazia e o privilégio de ter algo ou alguém sempre ao nosso lado e inteiro dispor

Depois do velho que vi

Do jovem e do cão

Vi um féretro

Que seguia e junto uma procissão

No caixão descansava um corpo inanimado e solitário

Tão solitário quanto o velho, o jovem e o cão

Que fitavam o solitário smart fone

Solitário como todos nós

Carregando

Até quando ?

O peso de sua solidão

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 20/02/2015
Reeditado em 20/02/2015
Código do texto: T5143217
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