Dúbio
Tem horas que de planos me armo,
Decidido a por um fim nesse ermo;
Dou dois, três passos e não firmo,
Depois apago projetos que formo,
E com o mesmo vazio inda durmo...
Meu direito aos devaneios casso,
De viver como nefelibata cesso,
Afinal, já estou cansado disso,
E se é apenas isso que eu posso,
Recolho-me à casca e não tusso...
O anelo pode parecer prato farto,
Mas, só realidade conta, é certo;
Olho no espelho e auto advirto,
Contra esse lenitivo fraco, torto,
Que quimera publica e não curto...
Eis o homem, com pose de sábio,
Veterano com nuances de nédio;
Nem quente nem frio, mas, tíbio,
Disfarça firmeza temendo opróbrio,
Mas, no fundo é um fraco e dúbio...