Castelo de areia

Assim, quando palavras fogem,

Levando junto ideias, à tiracolo;

A inspiração se põe à margem,

Falta madeira, sobra serragem,

Sementes morrem arde o solo...

O cantil da poesia e a última gota,

Então, começa das miragens a fase;

Quem mandou traçar no Saara a rota,

Sabendo, na areia quente não brota,

Salvam-se umas palmeiras no oásis...

Dizem ser areia, mas, eu vejo um lago,

que anda sempre rumo ao horizonte;

deve ser uma água com pernas, logo,

ou, será a sede plasmando seu logro,

até que tropece casual nalguma fonte?

Aí pisou o Pequeno Príncipe quem diria,

Tanta beleza verteu de paisagem feia;

Deve haver algo belo no DNA da poesia,

Pois, se faltam flores, lhe sobra magia,

E consegue fazer um castelo de areia...