UNIVERSO
Universo
Ou seria multiverso?
Rege os raios solares
As estrelas polares
A Constelação de Antares
Os sete mares
Touro, gêmeos, áries
Incógnitas aos milhares...
És plenitude de vazio
Tão relativo quanto o infinito
Do buraco negro dos corações humanos
Para os tombos dos meteoros soberanos
Das quedas das maçãs vermelhas
Para o infindável brilho das estrelas.
És uma elipse
Um eclipse
Constante apocalipse?
Resplandece nas auroras
Em cada planta
Em cada ser vivo
É onde moras.
Ora, quem sou eu
Para definir algo que pode ser nada
Ou tudo ao mesmo tempo?
Como posso conceituar
O incomensurável que és
Não chego nem à molécula
Nem à partícula ou célula
De teus pés.
Cresces a cada supernova
Choca-se, colide e explode
Ruma à própria cova
Universo, escrevo tua ode
És o ser que tudo pode
Arquiteto do amanhecer
O tecer do anoitecer
Perpassa por tuas agulhas
A linha da criação
O que há em tuas fagulhas
Está além da imaginação.
E em tua imensidão
Galáxias, nebulosas e sóis se dão
O que há por detrás de tuas paredes?
Deuses deitados em redes?
Alva branquidão?
Eterna escuridão?
Nem a morte pode nos responder
Não, não...
Ó, universo!
Cobre-nos com o manto único e indissolúvel do tempo
Transforma nossa vida em poeira no vento...
Em meio à grandeza de tuas constelações
Vive a pequeneza de nossas ambições
Nossas manias de brincar de Deus
Não passam de sutis ilusões
Pois alusões aos átomos somos
Poeira cósmica somos
Desde a ira de Zeus
Ao ceticismo dos ateus
Assim caminha o homo.
A odisséia terrestre
Partiu da pintura rupestre
Seguiu das lunetas
Para os telescópios esparsos
Exploração de planetas
Previsão de cometas...
Residem no espaço
Os gametas da humanidade
No universo
E em seus bilhões de anos de idade.
Tantas dúvidas em nossas mentes vermes
A fissura por tua busca é nosso cerne
Tão clemente és
Por nos dar o tempo
A vida e o vento...
Incapazes somos
Por não entender
Que incompreendível és
Que, ao contrário de você
As estrelas não podemos ter
Que não sabemos nem o que em nosso âmago há
Nem que somos tão sólidos quanto o ar
Tão concretos quanto o asfalto
Tanto secretos, como incautos
O universo é quem joga os dados
Renda-se, pois és dele mero fardo
Mãos ao alto!
Seria maluco eu se afirmasse
Que somos um só?
Filhos da anã branca
Que explodiu e expandiu-se em pó
Nascidos da mesma matéria
Unidos num mesmo nó
Elétrons duma mesma órbita
Sangue da mesma artéria
Netos da mesma avó.
Infelizmente
Apenas a invisível gravidade nos mantém unidos
O câncer humano se espalha
Estamos perdidos
Mancha negra na matéria escura
Seria a extinção a cura?
Casa dos deuses
Cemitérios estrelares
Mortos lares
Cadáveres à anos-luz
Constelação em forma de cruz
No céu observamos.
Como no presente pode viver
Algo que já morreu há tantos anos?
Do prólogo ao epílogo
Arrisco a dizer que tudo está escrito
Pela pena e pelo tinteiro
Deste titã antigo
O livro já está inteiro
Somos personagens importantes
Desta obra gigante
Mas, donos do próprio destino?
Duvido bastante.
Sou fascinado por tuas estrofes
Pelo que há em tuas entrelinhas
Sou adepto de tua rítmica
Sou mais uma destas formiguinhas
Deste formigueiro chamado Terra
Planeta refém da serra e da guerra
Quando este espetáculo encerra?
Irei conhecê-lo um dia?
Tu és poderoso enigma
Abstrato paradigma
Seria você poesia?
Me diz universo
Como desvendar teus mistérios em versos?