Abismos



Há uma profundidade enorme nos abismos.
Eles acabam dentro de nós mesmos.
Nas mesmas e eternas dúvidas.
Nos enigmas indecifráveis
inscritos em nosso âmago.

Por que fomos rejeitados?
Por que não amamos incondicionalmente?
E por quais razões abandonamos o
barco a deriva...
o sonho no vento...
a palavra na poesia...
e o mar em pleno deserto...

Onde poderemos aportar?
Será um cais ou
apenas mais um vulcão prostrado
no abismo do despertencimento...

Não tenho nada.
Mas nada também me detém...
Não estou em cárcere
e nem cativa...
Só me apego aos pequenos devaneios
que fazem da lucidez um flash.
Mas tão rápido
que num único segundo
visualizei toda minha vida.

Não havia túnel.
Nem a luz no final.
Nem o silêncio de monge.
E nem remorso.
Cultuei cada abismo
como a um deus
que fazia rodopiar as sensações.
E as trançava em torno de
poesias insólitas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/02/2015
Código do texto: T5132757
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