Reflexão de morte

A morte nos ronda com sede de vidas,

Atirando sua foice contra o que se move;

Se, acerta uma vemos uma empresa falida,

Que fartas são suas águas, sempre chove...

Às vezes passa pertinho, erra por pouco,

Até sentimos o assoviar fino do seu fio,

Outros brincam com ela, sina de louco,

Mas, parece que aos lúcidos busca seu cio...

Sua onipresença deveria ensejar cuidado,

contudo, muitos usam diamante na funda;

como se o precioso fosse motivo de enfado,

aí chiam quando a vida dá um pé na bunda...

Nem sempre o seu consórcio com Cronos,

Vale para nos devolver mortinhos ao chão;

Há intempéries estragando muitos sonos,

Seus jardineiros que colhem flor em botão...

Então, enquanto livres estamos dessa sorte,

Nademos de maneira a evitar sua malha;

Não que possa alguém ludibriar dona morte,

Mas, podemos viver de modo que a vida valha...

Assim, requer certa arte, a arte de bem viver,

Aproveitar a vida, o conselho que dão a nós;

Não significa isso, embriagar-se de prazer,

Ser, de modo que a morte não cale nossa voz ...