Conversa com o Ar
Era para eu ser adulta
nos padrões adultos
Sérios padrões.
De muros,
De grades
Grilhões.
Era para eu ser Adulta
Presa no mundo adulto.
Longe se sonhos e fantasias.
Longe de ideais e brincadeiras.
Longe da brisa
Longe da verdade derradeira.
Me assusta!
Não sei ser adulta do jeito que me ensinaram.
Adulto não ri, adulto não chora.
Adultos nem lembram se já biricaram.
Adulto não fraqueja.
-Quem vai segurar minha mão a noite?
Adulto não tem medo do escuro.
E se avida me der açoite?
Cresci e não sou adulta.
Sonho e tenho planos.
Brinco e rio alto.
Sento no chão
Me sujo na terra.
Converso com o ar
E vejo adultos a se incomodar.
Talvez seja inveja
Por terem perdido a capacidade
De conversar com as nuvens
De com a brisa falar.
[Ralúsia Nunes, 31/01/2015]