O Equívoco do Poeta: Uma Pedra ao Meio do Caminho.
Não existe Caminho.
Muito menos pedras.
Não existindo, portanto.
O meio do caminho.
O que existem de fato.
Sempre.
São Montanhas.
Enormes e intransponíveis.
Apenas alguns trilhos.
Poucas árvores em volta.
Gente com o pé descalço.
Pisando ao solo árido.
Queimando as passadas.
A ilusão da montanha.
O destino da esperança.
Inexaurível sacrifício.
Filas e filas.
Em direção ao topo.
Premeditadamente.
Desejam saber a lonjura do céu.
Quem sabe estando perto.
Conseguirão falar com Deus.
O sangue marca a sola dos pés.
Sente no rosto.
O hidrogênio do sol.
À noite as encosta de uma árvore.
Contam as estrelas do céu.
Respiram fundo.
Pede a proteção do anjo da guarda.
Procuram avançar os sinais.
Enquanto os outros.
A burguesia.
Em frondosos apartamentos.
Sente a presença de Deus.
Dorme olhando para o teto.
Sentido o reflexo da cor branca.
Imaginam o sol despontando.
Entre as montanhas.
Contemplando a misericórdia divina.
Sem trilho.
Sem caminho.
Sem pedra e sem montanha.
Quando desejam atingir ao infinito.
E Conquistar o espaço.
Em potentes aviões.
A sorte que fez o destino.
Desconhece a materialidade das pedras.
Sabe que Deus e sonolento.
Toma vinho.
Durante a tarde e a noite.
No período diurno.
Pensa somente em dormir.
Quer a paz em seu trono.
As montanhas foram feitas.
Com objetivo de despertar as ideologias.
É o caminho mais curto.
Para poder falar com Deus.
Com efeito, não existe caminho.
Muito menos pedras.
Não existe, portanto, o meio do caminho.
Existem apenas montanhas.
São enormes.
Estão perdidas no deserto.
Cheias de trilhos.
Servem apenas como pêndulos.
Para atingir o destino.
A fúria da imaginação.
De pessoas inocentes.
Que sente na alma a crueldade.
Das mitologias indecifráveis.
De uma razão essencialmente comum.
Diante das regras do jogo da dominação.
Da concentração da renda.
Como se tudo fosse perfeitamente
Normal.
Desculpe o grande poeta.
O erro da vossa ideologia.
Edjar Dias de Vasconcelos.