Pequeno Mundo
Embora o mundo pareça grande,
É pequeno, pois cabe dentro de mim.
Mas, oh, que mundo sofrido,
Cheio das minhas dores contidas.
Talvez daí resulte minha eterna necessidade
De gritar,
De me desfazer,
De contar tudo a tanto tempo contido.
Daí a necessidade urgente de escrever.
Exposição a crua da fragilidade humana.
Sim, o mundo é pequeno.
Tão pequeno que mal cabe em si os homens.
Homens que estão lá fora na rua,
Com a cara fechada,
No engarrafamento da vida.
O mundo é pequeno.
Comprimindo com a carga dos navios atolados,
Ancorados no porto à espera
Do balanço do mar.
Navios abarrotados do EU consumista.
Com diferentes cores dos homens,
Diferentes riquezas geradas.
Viste as diferentes dores humanas.
Viste como é difícil sofrer.
Amontoar tudo isso no frágil coração
E não sucumbir?
Fecho os olhos e esqueço.
Escuto o silêncio ao redor, tão calmo.
Nada anuncia de mudanças.
Porém, escorre de minhas mãos,
Inunda a misteriosa realidade.
Infiltra-se na cidade submersa,
Atinge seus moradores submersos,
Revira os escombros e as ruínas,
Descobre a ignorância das coisas.
A solidão do indivíduo socializado.
Linguagem primitiva de comunicação.
Ideologia das cavernas.
Homem pré-história.
Ilhas sem problemas, teto de vidro.
Farsas exaustivas mal interpretadas.
Suicídio do homem humano,
Nascimento do homem social.
Homem este, escravo da sociedade,
Subtraído pelas regras e normas.
O mundo pequeno está crescendo,
As contradições e as dúvidas também.
A selva humana se expande,
O poder se diviniza e se materializa
Na forma humana corrupta.
Ó mundo que cresce e explode.
Ó vida futura! Não percas as esperanças.
Um dia, nós te criaremos!