SALVE-SE QUEM PUDER
SALVE-SE QUEM PUDER
Quem é que vai refazer o país que eu suponho
Bem melhor que um sonho
Sem desvanecer
Sem se deixar levar
Sem se tornar uma praga ruim
Sem pestanejar diante do dindin
Sem apertar a mão
E com a outra repartir aquele quinhão
E olhar no espelho
E ver o tão
Homem de esmero são
Dos males que se vão
Esse não sou eu
Quem vai fazer se voltar a dizer
Que a criança é o futuro
Se a luta reluta no escuro
Se a fruta apodreceu
Se a árvore frondosa
Tem pouca raiz
Que nos torne feliz
Quem vai fazer
Esse não sou eu
Quem sabe vá nascer
De repente e agora
Mas hoje
O que dizer
Se eu pareço uma mosca perdida
Nadando numa colher de sopa
Em direção a uma boca encardida
Sem dentes e sem risos
Desses tão precisos
Para convencer
Enquanto uma raquete elétrica
Numa mão tão frenética
Tenta a todo custo
Me caçar pelo ar
Depois que eu escapei
Daquele jantar
Se ninguém quer segurar o pepino
Se ninguém quer pegar na cenoura
Eu não quero ser o dono da lavoura
Se ninguém quer varrer a sujeira
Se ninguém quer olhar o tapete
Eu digo adeus para o banquete
Eu vou é já saindo e
Salve-se quem puder