SALVE-SE QUEM PUDER

SALVE-SE QUEM PUDER

Quem é que vai refazer o país que eu suponho

Bem melhor que um sonho

Sem desvanecer

Sem se deixar levar

Sem se tornar uma praga ruim

Sem pestanejar diante do dindin

Sem apertar a mão

E com a outra repartir aquele quinhão

E olhar no espelho

E ver o tão

Homem de esmero são

Dos males que se vão

Esse não sou eu

Quem vai fazer se voltar a dizer

Que a criança é o futuro

Se a luta reluta no escuro

Se a fruta apodreceu

Se a árvore frondosa

Tem pouca raiz

Que nos torne feliz

Quem vai fazer

Esse não sou eu

Quem sabe vá nascer

De repente e agora

Mas hoje

O que dizer

Se eu pareço uma mosca perdida

Nadando numa colher de sopa

Em direção a uma boca encardida

Sem dentes e sem risos

Desses tão precisos

Para convencer

Enquanto uma raquete elétrica

Numa mão tão frenética

Tenta a todo custo

Me caçar pelo ar

Depois que eu escapei

Daquele jantar

Se ninguém quer segurar o pepino

Se ninguém quer pegar na cenoura

Eu não quero ser o dono da lavoura

Se ninguém quer varrer a sujeira

Se ninguém quer olhar o tapete

Eu digo adeus para o banquete

Eu vou é já saindo e

Salve-se quem puder

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 15/01/2015
Reeditado em 16/01/2015
Código do texto: T5102643
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