Têmpera dos desenganos
Pensam uns que apostamos a vida numa rinha,
Daí, a sorte dependeria d’um galo de bosta, logo;
apostei minhas fichas todas, pois, era o que tinha,
Depois, passei a ter muitas outras, e não mais jogo...
Às vezes fantasiamos com garimpo em seca mina,
Claro que a nossa empresa já nasce meio falida;
Mas, levar um dia um pé na bunda da dura sina,
Não é morte precoce, apenas, uma lição de vida...
A mentira espalha, ela e a sua grandiosa corja,
Que a vida é sempre sorver sumo, sem bagaço;
Ora, a têmpera dos caracteres bons Deus forja,
Auxiliado pelas brasas vivas de nosso fracasso...
Tudo contribui para o bem de quem ama Deus,
Então, mesmo na dor há bem, só não vê o cego;
Ou, tonto enganado pelos doentios desejos seus,
que finge amar Deus, mas, só sabe amar ao ego...