Sonhos desmontados
Pálida nitidez de um sonho distorcido
Ilusão de uma vida sem retorno
Impávida manhã tão indiferente
O mendigo observa da calçada
As pessoas sem rosto, sem vida.
O cinza insistente roubando o azul entristecido
Os buracos no asfalto cansado
As poças barrentas da esperança
Sonhos de uma aurora interrompida
Nenhuma tristeza é suficiente
Sabemos de tudo que há de errado
Mantemos a verdade encarcerada
Escondemos o bom senso
Cobrimos a justiça
Vemos o proceder cínico reinar
Mantendo um sorriso torpe no olhar
Pálida nitidez do silêncio da cor
Teimosia de um dia comum
Conformação do pão e circo
Pão mal alimentado e sofrido
Subsistência de um salário minimizado
Circo de piadas públicas
Palhaçadas corruptas sem dono e vadio.
O som do desmonte do sonho
Ilusão de um futuro real e possível
Reconstrução de uma cidade esquecida
Lágrimas derramadas em vão.
Soberbos saboreando seus egoísmos
Sonhadores agonizando pelo chão
Sonhos estraçalhados
Humanidade adormecida
Esperança que resiste até o fim.