CONSTATAÇÕES SÃS
Eu sou o reverso
Do avesso espesso
Sem ordem ou eixo.
Eu sou aquele som
Ao longe
Aquele estranho grunhido
De animal ferido.
Eu sou a antena
A transmitir dados
Que ninguém ver.
Eu sou o vento denso
A invadir olhares desavisados
E ensimesmados.
Eu sou o utensílio
A mão
Jamais usado.
Eu sou o ladrilho
Guardado no canto
Para um remendo
Isento de restauração.
Eu sou o teorema
Sem aparente solução
Por falta de algum sabichão.
Eu sou a onda do mar
Eu arrebentação
E que faz cair
Mesmo quem já está no chão.
ZARONDY, Zaymond. Poe_Suas & Poe_Minhas. São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas & Escritores Ltda., 2017.