VOLÚVEL
Não fico rindo, teso, alegre,
vibrando sobre um terremoto,
trancado à casa que desaba,
louvando à austera natureza
e ao seu brutal trincar de terra
enquanto poso para foto.
Eu tento sim salvar-me em fuga,
mas não minar aquosos sais
dos olhos, vísceras, à toa,
às penas por ontens remotos,
rogando à Terra mais brandura
ao fustigar-me o corpo fraco.
Porém também não me condeno
se caso tudo caia em mim,
pois ilumina-me a consciência
de que esta vida dá-se à gente
somente enquanto sente gozo
e quando enjoa logo cisma
de eliminar-nos, repentina,
seja em bonança ou terremoto.