Os Cantos Encantam à Vida
O ar que passeia por aí
Não preenche meus pulmões
Os assobios de fora
Não encantam meus ouvidos
E é espantoso!
Porque a gente se ilude;
Acostumamos com os mesmos cheiros;
Os sons parecem não incomodar...
De repente, dois mundos nascem:
O seu e o meu
Eles não se harmonizam...
Os choques protagonizam nossos espaços
Então, juntamos pedras estranhas
Mas nem sabemos construir estradas
Começo a me convencer de que o chão não é firme
E a tontura logo vem...
Preciso de abrigo...
Mas, tenho comigo a dessemelhança
Por isso, essas olheiras!
Por isso, essa vigilância!
Querendo sossego, consinto os mesmos cheiros e sons
Volto a perambular nos cantos vizinhos
O organismo novamente me cobra
A tontura, agora, é insuportável
Quis evitar!
Quis me enquadrar!
Muito pior, quis "sossegar"!
Entretanto, o passo errado é o que me acerta
A loucura me constrói;
Experimentar sons é do meu feitio;
Cheirar tem que vir para desordenar minha cabeça
Se o repetir é que me faz mal, por que sossegar?
Os mesmos cheiros
Os repetidos sons
O sossego...
São encaixes que formam os outros
Acertados desses importantes objetivos
Podemos, sim, construir estradas
Decifrar segredos genuínos...
Fiquemos livres, então, para embelezar nossos cantos