A Ilusão de um Olhar Displicente.

Tudo que escrevo é sem graça.

Comum.

Despropositadamente.

Se falo do campo as árvores.

Não tem significado.

As minhas metáforas.

Não retratam as realidades.

Uma poesia torta sem nexo.

Talvez a vontade de não ser nada.

Escrever.

É deixar as letras correrem.

Na tela de um notebook.

Desenvolvo tal prática imperfeitamente.

Formulando pensamentos.

Esquisitos.

Confesso que tenho medo das letras.

Sinto apavorado.

Por que são instrumentos de brincar.

Com a nossa imaginação.

As letras nos dominam.

Produzem alienação.

Formas palavras cegas.

Mergulhando o nosso pensamento.

Na mais profunda escuridão.

Os olhos ficam turvos.

E cérebro destrói nas intuições.

Nossas memórias.

Então para que servem as letras.

Para indicar nas placas.

A contramão.

O sinal vermelho.

O vencimento da carteira de motorista.

A prepotência do professor.

Avisarem as promoções de cada estação.

Ainda dizer se alguém é bonito ou feio.

As letras servem.

Para construírem as mais significativas mentiras.

Um delas que Deus é poderoso.

Outras enganações.

Que a corrupção é apenas do governo federal.

Que a esquerda é perigosa.

Porque deseja construir o regime de propriedade coletiva.

Quando não existe sequer esquerda.

Nem mesmo Fidel Castro.

Que não sabe mesmo como ser capitalista.

Muito menos governos democráticos.

Republicanos.

O que existe mesmo.

As letras escondem.

A apropriação das instituições.

Com objetivo de institucionalizar gente.

Uma parte da sociedade.

A outra deixada a marginalidade.

Sendo servos da institucionalidade.

As letras servem para mostrar a sociedade.

Que tais procedimentos são normais.

As letras têm como objetivo.

Levar-nos ao engano.

Construir um mundo de ficção.

Motivo pelo qual tudo que escrevo.

Não tem sentido.

Não é poético, metafórico.

Acho desinteressante a lógica da linguagem.

O mundo da ilusão.

O desejo prevalecente da metafísica.

A divindade dos universos contínuos.

A ignorância do povo.

A natural safadeza da elite.

Com efeito, uso as letras.

Para o meu divertimento.

Revelando também coisas absurdas.

Uma delas a linguagem é sem sentido.

A outra o mundo não tem finalidade.

A terceira e menos importante.

A não significação das interpretações.

Então tudo que sei.

É o que não sei.

Sabendo não devo dizer.

Porque seria a revelação da loucura.

Sendo desse modo as letras contam a mim.

Os mais significativos segredos.

Que são guardados na memória dos meus silêncios.

Um deles a existência de tudo é a ausência.

O outro a composição da matéria, à inexistência.

Que as coisas vão e voltam interminavelmente.

Sem existir razão para tal movimento.

Igual à formação das nuvens.

Na atmosfera.

E caminham para diversas direções.

Provocando trovões e chuvas.

E muitos primitivos historicamente.

Pensaram que fossem a ira dos deuses.

O que devo dizer a respeito de todas essas coisas.

Respondo a minha intimidade.

Absolutamente nada.

É da natureza das letras escreverem a mentira.

Motivo pelo qual os vossos cérebros.

São somente marketing.

As ilusões da ilusões inimagináveis.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 27/12/2014
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