LAMENTO
Suor do rosto – retrato de intenso trabalho
Que ao longo dos anos me fez professor...
Grito bem alto perante depauperado clamor
Em que a inadimplência do conhecer é assento.
Em cada lousa deixei suntuosas marcas
Assinadas por argumentos de muitos conteúdos
Que tentaram inundar mentes vazias e apócrifas,
Carentes do saber e preguiçosas do aprender
Onde o descaso foi o prêmio de cabeças neófitas
Que fugiram atônitas do banquete deste prazer.
Hoje o lamento baila sobre arrependimentos,
Sobre a chuva do meu corpo reconhece-se o valor
De uma dedicação dada com energia e amor
E que as horas deixaram impregnadas no tempo...
Cantam-se tristezas diante de ventos perdidos
Num velho violão em que há acordes consumidos
Pelas cinzas que os fizeram obscuros e tolos
E que, agora, invés de vinhos e deliciosos bolos
Há o sofrer e as lágrimas que rolam desnutridas,
Pois, se fossem risos, seriam alegrias de vida!
De: Ivan de Oliveira Melo