LAMENTO

Suor do rosto – retrato de intenso trabalho

Que ao longo dos anos me fez professor...

Grito bem alto perante depauperado clamor

Em que a inadimplência do conhecer é assento.

Em cada lousa deixei suntuosas marcas

Assinadas por argumentos de muitos conteúdos

Que tentaram inundar mentes vazias e apócrifas,

Carentes do saber e preguiçosas do aprender

Onde o descaso foi o prêmio de cabeças neófitas

Que fugiram atônitas do banquete deste prazer.

Hoje o lamento baila sobre arrependimentos,

Sobre a chuva do meu corpo reconhece-se o valor

De uma dedicação dada com energia e amor

E que as horas deixaram impregnadas no tempo...

Cantam-se tristezas diante de ventos perdidos

Num velho violão em que há acordes consumidos

Pelas cinzas que os fizeram obscuros e tolos

E que, agora, invés de vinhos e deliciosos bolos

Há o sofrer e as lágrimas que rolam desnutridas,

Pois, se fossem risos, seriam alegrias de vida!

De: Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 25/12/2014
Código do texto: T5080763
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