O palhaço em cada um
Em cada um
habita um palhaço
Oculto, adormecido
Esculpir cada parte
Para vê-lo vivo
Em movimento
É intenso, doloroso
Tem que ter olhos pra ver
E um coração gigantesco
Neutro
Capaz de acolher
E mirar em cada gente
a dor e a alegria
O palhaço é instigante
Conectar-se com ele
É ver-se por inteiro
É desconcertante
Louco
Por isso uns ignoram
Outros encaram o abismo
O ridículo
se lambuzam de gargalhadas
Sentem o seu palhaço vibrar
Transbordar
Esses não tem medo dos espelhos
que encontram nas andanças
Os que tem medo
resistem
Não querem virar-se pelo avesso
Quebrar as algemas do controle
Ah! Quanta ilusão!
A vida é um mergulho
no vazio da imensidão de ser
O palhaço flui quando abrimos espaço
para o ridículo, para o não julgamento
para o imprevisível
Aí as sombras perdem o poder
Surge a clarividência
A excentricidade
A comunicação sem palavras
O olho no olho
O silêncio se transforma em música
Os sorrisos cantam
A inocência é revelada
A alma livre dança
A consciência se expande
Você presente
Brinca, corre,
Faz piruetas
Cansa e descansa
nos braços da vida
E o palhaço em cada um
Voa alto como um condor...