VISÃO

VISÃO

Minha poesia tem sido um flagelo.

Pois tenho recolhido meus versos na rua,catando rimas...

Lugares, por onde passam o abandono das criaturas.

Onde toda sorte de promiscuidade, tem sido a tônica.

Revelo esse laboratório, com a alma em angústia!

Quase em frangalhos, ante a Guernica que se apresenta.

Tendo visto sextos de lixo, revirados em busca do sustento,

Em busca de alento, assinalando uma sina, em busca de pão!

Tenho ouvido e visto, os gritos de socorros, o som da opressão,

Serem, miniminizados, abafados pelos ecos de uma consciência,

Que se a comada na indiferença fidalga, e esdrúxula!

Crianças amadurecidas, vendendo a alma,vendendo os sonhos...

Um mar alarmante,de agonias, de descaso, e de tolerâncias.

Meninas oprimidas, bonecas com rosto de pano,

Ante o peso, que lhe açula o gozo prematuro,gemem!

Tudo isso, bem diante dos meus olhos, elementos gritantes,

De uma sociedade hodierna, fragilizada em se mesmo.

Minha poesia, tem colhido essas impressões, aqui e acolá,

Aqui e acolá, como pano de fundo de um mesmo circo.

Minha poesia, são versos corridos, transgredidos ante,

As máscaras que me apresentam nas madrugadas,e mostram,

Homens, cuja vaidade, deriva do latim vanitas, a dar,

A qualidade,do que é vão, dessa falta de realidade.

Que os brutalizam, que os vencem, os animalizam...

Contudo, sob Sol escaldante, nada muda nesse cenário.

E as vitrines, são tempestades também de idênticas valas.

Inoportuno abismos, a fazer sangrar a alma humana.

E me imprime nítida impressão, de que o seres humanos,

Estão ilhados,presos, nas suas próprias injunções, colhendo frutos...

Albérico Silva

Um Feliz Natal, para todos!