Inquietações
Ante uma página branca como ano que vem,
Ordenamos palavras, ideias e sentimentos;
Essas desordens da alma e o que ela contém,
Mesmo certos males que ela verte em bem,
Fantasiando favoráveis aos adversos ventos...
Penso na seriedade e na luz de nossos passos,
Pois, influenciamos querendo e mesmo sem;
Fácil, identificamos alhures, os nossos traços,
essa força não intencional dos nossos braços,
que move alheias almas, e os corpos também...
não que sejamos fontes, Sophia seja esposa,
cada um devia ter ao menos uma mecha dela;
recebê-la bem, como às letras recebe a lousa,
afinal, quem não tem um lado qual mariposa,
que orbita atraída pela luz das alheias velas?
Se, arte fosse nossa lei, e, conteúdo a norma,
Privaríamos esse mundo de tantas mutretas;
tal qual o Pavarotti cantando “Nessun Dorma”
numa união perfeita do conteúdo e da forma,
plasmando almas veras no universo das letras...
Pronto, acabou. Minha página está toda suja,
Vazaram inquietações da alma pelas frestas;
Nem sempre o poeta é assim, papai coruja,
A ponto de achar artísticas, meras garatujas,
Assim como não acho nadica criativas estas...
O novo ano assim, a cada dia vazando pouco,
Se for, preciso rever o que, de fato, inquieta;
Às vezes o poeta é expressivo, o leitor mouco,
contudo, não abafa seu grito, posto que, louco,
outras, somos desajeitados, e o leitor o poeta...