GRITOS
GRITOS
Meu grito afasta
Meu grito coíbe
Divide e inibe
Separa e agride
Fere e engana
Revolve e Revolta
Vai forte e quando volta
Em mim dilacera
Surge tão manso dentro da garganta
Num lance te alcança
E me surpreende
Meu grito preso
Solto
Sem arreios
Livre sem freios
Fera feroz atroz em rodeios
Quantos gritos eu dei assim
Sem ter direção
Quando eu poderia dar
A fala sem exaltação
Desentendimentos vãos
Na voz desses tormentos
Fúteis
Inúteis
Jogados
Arremessados
Tão fora de minha lei
Gritos varridos jogados ao ar
Medonhas forças descomunais
Vogais rasantes
Consoantes Vibrantes
Quase siderais
Quais gritos hoje eu tento não dar
Quais tento não te arremessar
Impulsionado pela emoção do só falar
Hoje quero o silêncio de uma doce palavra
Um aceno
Um riso que diz
Juntamente com o olhar
De alguém
O simples feliz
Compreender que não se ganha no grito
Que gritos servem para afastar
Gritos relâmpagos trovoadas tsunamis
Gritos tufões vendavais temporais
Gritos histéricos
Retumbantes
Cruéis
Gritos fatais