O Exagero do Tempo.

O Exagero do Tempo.

Poema sem proposição.

Escrevi esse poema.

Sem ritmo.

Sem proposição.

Sem significados.

Um poema sem nada.

Igual ao vento voando no universo.

Azul da cor do espaço da nossa galáxia.

Um poema fácil de entender.

Não tive nem mesmo que inventar as palavras.

Imaginei alguns detalhes.

Sem etimologias.

Escrevi para não perder o hábito.

Algo completamente sem sentido.

Letras por letras.

Vazias.

Sem ideologias.

Como se desejasse inventar um caminho.

Tendo que atravessar rios.

No entanto, as pontes não foram construídas.

Ao término do poema.

Fiquei surpreso.

Encantando com seu insignificado.

Um poema igual a um corpo.

Em queda livre sem gravidade.

Movimentando em circularidade.

Imaginando que pudesse.

Atingir algum espaço determinado.

Antes não tinha pensando.

Em tal possibilidade.

Foram anos.

Teclando cada letra.

Sumariando morfologicamente.

Formando as palavras.

Construindo frases.

Por último as lógicas.

Nenhuma delas racionais.

Não sei por que tive escrever.

Seria muito mais significante.

Silenciar e durante a noite.

Ocupar-se do tempo contando.

As estrelas, dançado no infinito.

Escrevi esse poema.

Muitas pessoas leram.

Fizeram da minha imaginação.

Milhares de intuições.

O que é interessante.

Não tinha objetivo em escrevê-lo.

Motivo pelo qual.

O poema era absolutamente sem graça.

Talvez devesse a obrigação.

Não tendo, portanto.

Mensagem.

Fora um poema pequeno.

Insignificante.

Tal qual o autor.

Referia-se em metáforas.

As idealizações do mundo.

Nunca fora obra de arte.

Muito menos mistério.

Falava de coisas comuns.

Das cores das folhas das árvores.

Até mesmo dos trilhos.

Por onde passavam tamanduá bandeira.

Tatus.

Lobos guarás e capivaras.

Uma vez ou outra onça pintada.

Campos perdidos.

Pela imensidão.

Do centro oeste brasileiro.

Uma poesia indiscreta.

Em todos seus aspectos.

Boba.

Sem memória.

Tentando compensar.

O exagero do tempo.

Edjar Dias de Vasconcelos.