Crítica a uma pedra ao meio do caminho.

Não existe Caminho.

Muito menos pedras.

Não existindo, portanto.

O meio do caminho.

O que existe de fato.

Sempre.

São Montanhas.

Enormes e intransponíveis.

Apenas alguns trilhos.

Poucas árvores em volta.

Gente com o pé descalço.

Pisando ao solo árido.

Queimando o próprio pé.

A ilusão da montanha.

O destino da esperança.

Inexaurível sacrifício.

Filas e filas.

Em direção ao topo.

Premeditadamente.

Desejam saber a lonjura do céu.

Quem sabe estando perto.

Conseguirão falar com Deus.

O sangue marca a sola dos pés.

Sente no rosto.

O hidrogênio do sol.

A noite as encosta de uma árvore.

Contam as estrelas do céu.

Respiram fundo.

Pede a proteção do anjo da guarda.

Procuram avançar os passos.

Enquanto os outros.

A burguesia.

Em frondosos apartamentos.

Sente a presença de Deus.

Dorme olhando para o teto.

Sentido o reflexo da cor branca.

Imaginam o sol despontando.

Entre as montanhas.

Contemplando a misericórdia divina.

Sem trilho.

Sem caminho.

Sem pedra e sem montanha.

Quando desejam atingir ao infinito.

E Conquistar o espaço.

Em potentes aviões.

A sorte fez o destino.

Desconhece a materialidade das pedras.

Sabe que Deus e sonolento.

Toma vinho.

Durante a tarde e a noite.

Durante o dia.

Pensa somente em dormir.

Quer paz em seu trono.

As montanhas foram feitas.

Com objetivo de despertar as ideologias.

É o caminho mais curto.

Para poder falar com Deus.

Com efeito, não existe caminho.

Muito menos pedras.

Não existe, portanto, o meio do caminho.

Existem apenas montanhas.

São enormes.

Estão perdidas ao deserto.

Cheias de trilhos.

Servem apenas como pêndulos.

Para atingir o destino da imaginação.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 02/12/2014
Reeditado em 02/12/2014
Código do texto: T5056303
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