Chove
Chove...
Assim como aqui dentro, lá fora.
Água essa que chega dos olhos; chuva muda expulsa do peito;
Ovelha negra da alma, veia, zona da cheia.
Palavras são comportas, som saído do peito, ganido de dor.
Um gosto de fel na garganta nesse dia cinza, tão cheio de basta!
Chuva ácida escorrendo do ego.
Nego, fujo, sujo de ilusão.
Espelho que não reflete, para que chuva em vão?
Cheia que não cessa.
Sequestro de mim...
Agora, parou a chuva...
Transbordou em poesia.
Enchente vinda de mim.
Lucélia Martins