Olhar clandestino
No ônibus
Um rapaz triste
De olhar clandestino
Sentado na escada
Obstruía a passagem
Quando passei
Não quis olhar
Não era prudente
Ver a dor do mundo
Cada um carrega a sua dose diária
De dor, tristeza, saudade, desânimo
E também de fé, alegria e esperança
O moço de olhar clandestino
Parecia carregar só dor
Ele se excedeu
Na sua dose diária
Por onde anda agora, moço?
Nos bares, nas esquinas
Em estado de torpor
Ou será, então, que descobriu
No fundo do fim
Algum brilho
E voltou a sentir-se,
não um clandestino,
E sim um viajante
Capaz de enfrentar as aventuras
E surpresas desse mundo...?
Ei moço! Não desiste não
A vida é cheia de tempestades
Ondas gigantescas
Eu sei
Experimente!
Olhe com a alma!
Os momentos de sol
Também se faz presente
Tem lua cheia
Estrelas bailarinas
Um mar de ondas leves
Que nos acaricia
E limpa nossa alma
Olhe o horizonte
Sempre há algo mais
Veja o Universo
Sua grandiosidade
Não lute
Aceite
Deixe-se dançar
Nada é para sempre
Espere
O tempo
Muda a rota
a todo momento...