P R E T É R I T O S

A tempestade me alcançou no meio do caminho

Eu corria, sorria, num prazer solitário

Não fugi, não procurei abrigo, continuei sozinho

Os sonhos eram meus amigos imaginários.

No céu sombrio, nuvens negras e carregadas

Traziam-no próximo ao chão de tão pesadas

Relâmpagos reluzentes, trovões estridentes

Rajadas de vento espalhavam o granizo

Que me queimava a pele e derretia suave

Ensopando o chão, o asfalto liso, logo enrijecido

Bueiros entupidos, arrastando lixos, enchendo as casas.

Quando jovem a chuva me deprimia, imergia minha alegria

O bairro alagado, deslizamentos, corte de energia...

Rica natureza nunca se queixou de nos brindar

Com sua beleza, sua perfeita harmonia.

Nada ou quase nada fazemos para merecer tanto amor

Antes, destruímos a natureza plena, a natureza humana

Covardias, bizarros espetáculos de violência, tortura e dor.

Aproximadamente uma hora após a tempestade o céu se abre

Vossa Majestade o Rei Sol, raios de claridade e felicidade

Um arco-íris de Polo a Polo inspira o amor, a fé e a esperança

Ameniza o medo do fim, retoma a aliança...

No princípio era o Verbo...

Ele nasceu Mais que Perfeito,

Humildemente humilho-se a ser apenas Perfeito,

Para salvar a todos nós, seres Imperfeitos.