GRAVIDEZ DA POESIA
O que falar, se ainda não sei?
Como ter certeza, se sou inseguro?
Porque afirmar o que nem experimentei?
Será que vale ir só pelo pressentimento?
Intuição, sentimento ou palpite pode?
Quem vai ouvir, acreditar e seguir?
Tenho desejo de falar, expressar e revelar.
Alguém terá desejo de absorver isso?
Tenho que reprimir o meu desejo,
Só por pensar no desejo de outro?
Quem escreveu o livro de ética para a poesia?
Ele existe? Existe um consenso de regras?
Então porque minha mente trava?
Porque tenho que pensar nisso tudo antes?
Será o medo esse tal livro?
Será a vergonha de se expor ao ridículo?
Será o pudor o fator que me inibe?
Quantos versos, poemas e talvez livros,
Estão engavetados na mente por tais motivos?
A mente que não tem filtro é livre?
Mas o que fazer com os efeitos do que disse?
Vou ser responsável por eles?
Se for essa a situação deve-se recorrer ao silencio?
Na verdade, de onde vem o que digo?
Há uma fonte de inspirações?
Como ou Quem a alimenta?
Se se alimenta com coisas boas,
Resgato minha autonomia e independência!
Pronto! Agora sim posso escrever...