A Vida é Frágil

A minha vida e a chama da vela

dançando ritmos, frágeis ao sopro.

Eu nem lembrava da delicadeza de existir.

Estou há tempos tentando colar palavras

que digam algo qualquer sobre a cena.

Ela espetou minha memória, ela me lembra; a vida é frágil.

Aprendi um dia.

Ela me alerta; a vida é frágil. Daí esqueço.

Não só porque esquecer é do meu hábito

(falta de fósforo ou relapso?), não por maldade.

Eu esqueço pra não doer a fragilidade

de tudo e nada que sou.

A vida é frágil, eu sei, mas não me lembre na sexta-feira.

Talvez de vez em quando, quando preciso for, às vezes sempre, é.

Mas querida alquimista a quem escrevo

e às vezes endereço cartas escritas a punho,

punho, mãos e dedos de carbono, cálcio e dilema.

Você sabe, não vejo problema

em ser tanta água, até enxofre e mágoa.

Dói é a consciência, se ainda eu não soubesse ser tão frágil,

nada fácil pra quem é finito e efêmero.

A vida é frágil... Demais! Por fim, não me lembre.

* à amiga de Campinas-SP, Raquel Massulo de Souza

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 10/11/2014
Reeditado em 09/07/2018
Código do texto: T5029724
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