Devirneando

Cada vinte e quatro horas que morro,

trato de viver muito bem nessa lida;

enquanto, Deus der força pro carro,

parar de andar seria um crasso erro,

ávida sempre chama, cada dia, a vida...

sabendo o risco ando na mão inversa,

dos sacerdotes desse culto hedonista;

sacrificam valores na catedral da farsa,

fingem dar a face, mas, voltam o dorso,

a cada logro celebram, nova conquista...

meu amor ainda espera além do muro,

alienada do muito prazer que, a reservo;

o vinho maturado é sempre o mais caro,

o extrato da precipitação é suco, mero,

que espero acabar, enquanto observo...

o devir tá na porta e já posso enxergá-lo,

onde ventura estará com a faca e o queijo;

trabalho bem sisudo, sei, mas irei fazê-lo,

além das pedras esperando meu martelo,

haverá um pele alva esperando meu beijo...