Profilaxia
Sei, são comuns a outros nefelibatas,
Essas insanidades que ora exponho;
De esmagar a realidade com as patas,
Como se pesadas, as patas do sonho...
Posto que leves, elas recrudescem,
Tanto quanto, a realidade nos sonega;
Quando razões da esperança descem,
Por razões, suas enfermidades pega...
decepções ferem, não basta, contudo,
para que a utopia arrefeça a sua brasa;
o dia fecha o caixa macambúzio, sisudo,
dentro da noite, o sonho está em casa...
muitas vezes pergunto: Isso compensa?
Tipo, enxergar à noite e não ver de dia?
Não sei dizer se a coisa é mera doença,
Ou, quem sabe, seja da alma, profilaxia?
Eu digo: Nem sei por que fui vacinado,
Só sei que desencontram pedra e funda;
Mas, se depressão achega-se ao cercado,
Esperança se apressa a dar o pé na bunda...