O fugitivo
Se seu nome surgir num ato falho
Serei o primeiro a merecer o relho;
Esperança costuma gerar seu filho,
Misturando à realidade seu molho,
Pois, soa mais forte que orgulho...
Assim, a cada poema que eu faço,
Proteção ao bom siso logo peço;
temendo que amor mostre o viço
que brotou de um antigo caroço,
zeloso, à minha vigilância aguço...
e a cada aresta que cioso aparo,
disfarça meio mal o que espero,
todavia, sob a máscara respiro,
ela tem uns furinhos, qual poro,
que permitem passar o ar puro...
poesia é moeda que nada paga,
um tridente que aos motes pega,
e alinha igual os grãos na espiga,
depois, contra o vento os joga,
morrem. No fundo, só uma fuga...