FOGO DE PALHA
Em cena, mais um palhaço
que vive a fantasiar.
Da vida, queria um abraço
e o mundo insistindo em não dar.
Com olhos tristes, gargalha,
leva a plateia ao delírio.
Seu riso é fogo de palha,
quando cai o pano, martírio.
Do palco ao camarim,
passos, cansados, sem pressa.
Mais um dia chega ao fim,
só a solidão que não cessa.
No espelho, mal se reconhece,
envelheceu sem querer.
Passado que jamais esquece,
do amor, não quis mais saber.