Amarrada na Palavra

(Com diversas palavras de origem africana)

O nenê que recebe cafuné

Do pai que adora acarajé

E diz que é feio o candomblé...

A criança sapeca que é embalada ao som do axé

O moleque que cresce e nem sabe o que é

A cabeça vira um banzé...

Aprende que a vida é jiló e não quindim

Não tem quitute e nem dengo!

Mas tem coisa que a gente não vê e nem aprende

Ou fingi que não

Tem coisa ‘’boba’’ que a gente diz

Que a gente faz ou deixa de fazer

Mas nem é preconceito, né?!

E a reflexão suplica por atenção

E nem com três litros de garapa o sono vem

Já nem consegue cochilar

Sente o cochicho no peito

Faísca do batuque que veio de lá

E não adianta bancar o mongo

Não tem birita que te fará sossegar

Cê sabe, xará

Fácil é rodar bambolê

Fácil é fazer pamonha e canjica

Fácil é fazer fofoca e zoeira...

Difícil é aceitar as origens

Difícil é enxergar as raízes

Sem ficar puto, sem ficar fulo

Sem larica nem lero-lero...

Ela tá amarrada

Na nossa cultura, na nossa palavra

Com um nó em nós

A África está aqui

Está em você e está em mim

A Louca da Casa
Enviado por A Louca da Casa em 31/10/2014
Código do texto: T5018676
Classificação de conteúdo: seguro