Amarrada na Palavra
(Com diversas palavras de origem africana)
O nenê que recebe cafuné
Do pai que adora acarajé
E diz que é feio o candomblé...
A criança sapeca que é embalada ao som do axé
O moleque que cresce e nem sabe o que é
A cabeça vira um banzé...
Aprende que a vida é jiló e não quindim
Não tem quitute e nem dengo!
Mas tem coisa que a gente não vê e nem aprende
Ou fingi que não
Tem coisa ‘’boba’’ que a gente diz
Que a gente faz ou deixa de fazer
Mas nem é preconceito, né?!
E a reflexão suplica por atenção
E nem com três litros de garapa o sono vem
Já nem consegue cochilar
Sente o cochicho no peito
Faísca do batuque que veio de lá
E não adianta bancar o mongo
Não tem birita que te fará sossegar
Cê sabe, xará
Fácil é rodar bambolê
Fácil é fazer pamonha e canjica
Fácil é fazer fofoca e zoeira...
Difícil é aceitar as origens
Difícil é enxergar as raízes
Sem ficar puto, sem ficar fulo
Sem larica nem lero-lero...
Ela tá amarrada
Na nossa cultura, na nossa palavra
Com um nó em nós
A África está aqui
Está em você e está em mim