O Fantasma da Ópera

Nossos afazeres com seus vastos sentidos,

muitos futuros, nas uvas dormitam vinhos;

nuns, falando bem, somos mal entendidos,

ao corrigir domésticos assustamos vizinhos;

lógico; diferem a persona e a personagem,

uma deveras é; outra, apenas encena, ser;

quem já rastejou no deserto por miragem,

do engano aparente, não quer mais saber;

hipócritas devotam-se ao símile sarcástico,

na fiel bajulação que quase tudo equilibra;

derretem espavoridos, homens de plástico,

ante o calor verídico d’uma pessoa de fibra;

posições opostas são naturais e se respeita,

métodos baixos são vulgares e os desprezo;

uns contratempos deixaram ver, desta feita,

que nem todos leem a cartilha pela qual rezo;

quanto mais eu conheço aos seres humanos,

disse alguém, esqueci; mais gosto do meu cão;

por mim, quanto mais sofro com desenganos,

mais eu percebo, que Deus está com a razão;

valores, decência, caráter; integridade, joia rara,

caso vencedor, moderado, na derrota a catarse;

se o Fantasma da ópera decidiu esconder a cara,

herdei certo olhar que enxerga sob seu disfarce...