Telefone grampeado
Ah, essa sina de sermos todos livres
Mas, presos em nossas insipiências!
Risca ao seu lombo o que assim vive,
Com o chicote das consequências...
A única vantagem de se apagar a luz,
É que, libertinos logo passam a mão,
E, por baixo desse inesperado capuz,
Assumem, enfim, a droga que são...
Esse breve mimo que faz a verdade,
no escuro dissipa a nossa escuridão;
e onde púnhamos o selo de qualidade,
se revela indigno de colocarmos a mão...
enfermeiros de brinquedo apressam,
em dar às nossas almas um upgrade;
sem que a realidade correto meçam,
feridas de espadas sanam com ban-aid...
claro não notam o estrago que se fez,
invés de dar a descarga põem fragrância;
e após esse orgasmos da sua estupidez,
curtem saciados a lassidão da ignorância...
o organismo descarta, sua mente aceita,
ah, o lugar comum, esse corcel indômito;
desprezam o remédio, guardam a receita,
como o cão que volta ao próprio vômito...
sua vigarice intelectual não se omite, pois,
seguem usando-a conforme sua prática;
se critico a soma errada de dois mais dois,
presto defendem o valor da matemática...
Sophia é vigiada seu telefone tem grampos,
desisto de buscar castidade em plena boite;
discernimento, decência, meros pirilampos,
e o resto, amigo, é vastidão escura, é noite...