O RETRATO FALADO

Suspeito visto pelas redondezas:

era mais feio que a fome;

cabeça de bagre

com um tremendo olho gordo

e outro olho de peixe morto

repletos de pés de galinha em volta deles.

Tinha uma boca de lobo

uma língua afiada

com u bafo de onça

e dentes de alho

num sorriso amarelo

e a barba era azul.

A orelha de caderno de aluno relaxado

e o ouvido de mercador

nariz de palhaço, empinado

numa cara de pau.

Tinha carne de pescoço

e os peitos caídos

com um coração de pedra

e o estômago de avestruz.

No fim do braço de ferro

com dor de cotovelo

além do pulso telefônico

o mão de vaca tinha o dedo-duro

e a unha de fome.

Ninguém chorava em seus ombros

Era doente, um morto-vivo

tinha um bico de papagaio

e uma hérnia de disco

e olho de peixe nos seus pés de pato.

Tinha a cintura fina

mas era um saco de pancada,

Às vezes, parecia um pinto molhado

tinha as coxas bambas

uma perna de pau

e um frágil calcanhar de Aquiles

tinha um pé de chinelo

e o outro era um pé de cana.

Sentia dores na batata da perna

(para ele, panturrilha era bebida mexicana).

Coitado, era uma coisa sem pé nem cabeça;

Além de tudo, era um verdadeiro espírito de porco

louco por um rabo de saia.

Dava um boi para não entrar numa briga

e uma boiada para não sair dela

pois adorava dar murros em pontas de faca.

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 28/10/2014
Código do texto: T5014467
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