rascunho pro filho de um pai teimoso
revivendo os erros e dores de um velho homem menino
o silêncio dos ex-amores com seus sabores e odores é o hino
uma vida inteira a vagar
sem vaga em instituição religiosa, governamental ou familiar
a fumaça migra entre os dedos e a boca, o cheiro fica na roupa
os goles e tragos são só o farelo da noite
vale-se as boas companhias que amenizam o açoite
nada de bodes e cabras, se distanciava do pasto
o canto dos malditos era protagonista no ato
sou o senhor das linhas tortas
o homem de variadas portas
e o menino, que ciente do temporal, cuida de suas hortas
minhas migalhas só demonstram que também vim do pó
e tão frágil como corda, arrebento num acorde de dó
internado no passado de estar doente do peito e do coração
resido fora do palco, aos que disseram que perdi a razão
sei que faria de tudo, mas isso não representaria nada
restou a sinfonia das risadas tristes e debochadas
e na consideração de que sou vazio,
abandono cachoeiro e rio
gael kopke