Solidão da Praia

O dia cai.

A noite invade meus pensamentos.

A lua surge imponente

Clareando o oceano em púrpura.

Olho para o céu estrelado

E meus olhos cintilam, igualmente...

No delicioso frio,

Meus dentes tiritam,

Os lábios sentem arrepios

E meu corpo treme...

Meus cabelos esvoaçam,

Minhas mãos se cruzam,

A consciência matuta...

Sou levado a muitas milhas

Que se perderam no tempo

E percebo a face úmida

Pela saudade de ontem...

Encaro as nuvens,

Nelas desenho com a mente

Facetas de felicidade,

Enredos inebriantes,

Episódios surripiados

Por hediondas horas

Que são madrastas

E chicoteiam recordações...

Os ventos tramam,

Mortalhas rasgam a escuridão

E me permito seduzir-me

Pelo cheiro das ondas

Que se partem nas pedras

Onde sentado estou

A contemplar meu destino...

No espelho das espumas

Enxergo luzes distantes

Que me convidam a sorrir...

Não posso!

Que venha a madrugada

A cochichar-me seus horrores

Neste templo de solidão...

Noto transformação

E gotas d’água desabam

Sobre minha cabeça...

O céu se fecha,

A cortina tapa minha visão,

Então me deixo despencar

Na areia... E adormeço

Diante de mim

E perante um mundo

Que me desconhece...

Jogado ao relento,

Sonho no tapete

De um litoral imberbe

E de uma vida vivenciada

Por ideais apócrifos...

Amanhece...

No dia lindo, sim,

Sorrio para a imagem

Que se fez em mim

E que me torna príncipe

De uma natureza cúmplice

Do meu oportunismo!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 26/10/2014
Código do texto: T5012924
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