Namoradeira
A vida passa em seus olhos de barro,
Na lentidão de uma fera ferida,
Arrasta aos olhares frios de um retrato,
Perpetua as dores na inconstância querida.
Cruel e doce é o andar da vida,
Dias a mais para quem gosta de viver
E no asfalto toda pureza perdida,
Dias a menos para quem teme morrer.
Nada é finito quando se lança ao tempo.
Ou é o fim quando se lança fora?
A esperança que acompanha o agora,
Sempre pueril a dissipar no vento.
E a pintura vai caindo do olhar,
A cor se perde com o passar do dia,
Mas ainda vê a vida passar,
E sente o tempo na tinta fria.