Abstenção da fantasia

Essa história que recusou a acontecer,

Acontece todos os dias em devaneios;

só um jeito mais palatável de perder,

Vida, em sua busca dum melhor viver,

Lançando mão até de utópicos meios...

Deuses imaginários cruzando o tempo,

Os poetas se fazem peritos em redimir;

sua sina dura de andar contra o vento,

irônica faz mais leve a cada momento,

quando imagina-se com posses de Emir...

sim a fantasia não recusa a um convite,

arrosta os fatos em sua vultosa crença;

podando da realidade, todo o palpite,

já que ela desconhece qualquer limite,

por que não fantasiar ventura imensa?

Mas tem vezes que se põe abstêmia,

Encara sorte não disfarça o que sente;

Sem essa de acreditar em alma gêmea,

Apenas o calor sedento de uma fêmea,

nos basta pra refrescar quando quente.