Sincera Confissão
A anos-luz estou da santidade,
Mas da maldade escravo não sou.
Busco, na vida, seguir a verdade,
Mesmo sem saber, ao certo, aonde vou.
Pouco procuro pensar no oculto,
Tento, ao contrário, pragmático ser.
Mas sempre que posso a Deus consulto.
E jamais me reputo sábio sem saber.
Guardo as lições que a vida me deu.
E nos dias meus por elas porfio.
Creio no porvir e não sou ateu.
Não temo a luta nem o mar bravio.
Não é forte aquele que por fé seguia,
Mas na melancolia cede ao ceticismo.
Vale muito mais quem, no dia a dia,
Frente à agonia age com cinismo.
Esse, na verdade, será vencedor,
Jamais fugirá a qualquer desafio.
Não se entregará à profunda dor,
Mas será herói, com denodo e brio.