Os olhos do amor
Quantos disseram que amor é cego,
Tantos, que se tornou lugar comum;
Porém acho esse um dito mui vago,
Mania fácil de associar pirata e Rum...
Talvez, plagiando “A bela e a fera”,
Onde o amor parece ler em Braille,
Se, acostumamos à aparência mera,
Por certo alma será barrada no baile...
Muitos erram o passo nessa busca,
e centram alvos no que podem ver;
Se perdem admirados com a casca,
Enquanto amor olha o âmago, o ser...
Acho que o amor tem olhos de águia,
Só que ela vê sua presa, ele, à prisão;
Aquela mergulha por pão, lava a égua,
Esse mendiga, um abrigo pro coração...
Amar faz na alma o quê o amaciante,
Por seu efeito faz na roupa também;
No seu jugo somos todos pacientes,
cuja cura, só de outra doença advém...