Tempo, temporal, temporário e temporâneo.
Deixa o tempo, da velha ampulheta, esculpida em madeira, se esgotar.
Toda dor, toda mágoa, deixa a ferida tão aberta, cicatrizar.
Vem perceber que, toda saudade, toda lembrança, o passar dos anos, te faz esquecer e faz dissolver.
Mas palavras se vão com o vento, quase sempre vindo de um mau tempo e leva embora o que não nasceu para permanecer.
Deixa cair um temporal devastador, deixa agir dentro do peito.
Desgraçar e levar á ruína tudo aquilo que você não foi capaz de limpar.
Deixa carregar e enterrar, dando fim ao que necessitou dar um jeito.
Vem sem medo, respira fundo e em novas terras, se dê novas chances de amar, de se cuidar.
Vê a onda do mar quebrar, sem medo de na areia secar.
Vê a semente tão pequena, indefesa, ser destemida ao germinar.
É o nascer, o viver, o morrer e o enterrar.
Seja com o fogo, com a chuva, com o vento ou com o tempo de tudo que vai e tem que passar.
Não prenda atenção para o que se faz, mal disfarçado, temporário.
Porque nada te prende mais do que um passado mal terminado.
Deixa o tempo curar, pede para o tempo levar, manda o passado, passar.
Pois todo vento que leva o que for temporâneo, embora, traz á sua volta, aquilo vem mesmo para ficar.